terça-feira, 4 de setembro de 2007

Luiz Pacheco

Luiz Pacheco, uma lufada de ar fresco, um libertino do tempo do Estado Velho, uma "grande peça", um homem que diz "puta que os pariu" às novas gerações...


Tenho, à hora que escrevo, 22 anos, por isso tenho desculpa bastante para nunca ter dado conta da existência de um escritor/ pedófilo bisexual/ bêbado compulsivo/ pedinte/ condenado por atentado ao pudor (delito dentro do qual coube a pedófilia no tempo da ditadura) e por fim vedeta de entrevistas nos lares de idosos por onde vai vivendo a sua oitava década de vida e pagando aos entrevistadores com pérolas do calão português bem "esgalhado" como ele adora dizer.

Bem esgalhados são pois as suas observações, como, ao referir se a Santana Lopes, que lhe aumentou por decreto a pensão disse ao SOL: "Gosto do Santana por causa disso. E também porque é um playboy, um gajo dos copos, das discotecas e das putas". Ou a forma lucidamente humorada com que reage à sua quase cegueira:
"Operado? Nem penses nisso. O que é que eu quero ver com 80 anos? Eu quando vou ali à sala, onde estão os velhos todos, tiro os óculos para ver tudo nublado, para não me ver ao espelho... Aquilo é um pavor!"

Mas pela brejeirice que chama a atenção inicial se segue a vontade de descobrir a sua obra.. a multi galardoada "Comunidade" e "O libertino passeia por Braga..." são as mais citadas da sua bibliografia prolixa pela blogosfera que surpreendentemente dedica tantos hits a Luis Pacheco (nem sei se é Luis ou Luiz, as fontes divergem). Sendo uma coisa certa, a análise da obra deste autor fica em terceiro plano face à atenção dedicada à transcrição das suas entrevistas e às reproduções dos seus muitos insultos.

Agora tempo para passar a da mera curiosidade à leitura de algum livro deste dinossauro. Se alguém quiser um cheirinho aqui está um extracto de "Comunidade": http://bibliomanias.no.sapo.pt/comunidade.htm.

1 comentário:

Ligia disse...

E na sua tradução apressada do dicionário (filosófico??) de Voltaire ele escreveu: "puta", "merda", "cagalhões".
Sem dúvida uma figura única da literatura portuguesa.
Bj*